Contaminação da água na Terra Indígena Yanomami

Detalhes bibliográficos
Principais autores: Marcos José Salgado Vital, Maria Bárbara de Magalhães Bethonico
Formato: Online
Publicado em: 2016
Assuntos:
Acesso em linha:https://canalciencia.ibict.br/ciencia-em-sintese/artigo?item_id=26392
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abstract O estudo avalia a qualidade da água consumida nas comunidades da Terra Indígena Yanomami, bem como sua influência na saúde desses povos.
coverage Apesar do intervalo de 10 anos entre as coletas, os resultados foram muito semelhantes quanto ao nível de contaminação da água e seu impacto sobre as comunidades. Em 2004, foram analisadas amostras de água das comunidades Balawaú, Demini e Toototobi, localizadas no município de Barcelos (AM), e na região de Paapiu, situada no município de Iracema, a oeste de Roraima. Os testes microbiológicos indicaram que a água consumida nessas regiões não atendia aos padrões de potabilidade estabelecidos pelo Ministério da Saúde, que institui os procedimentos de controle e de vigilância da qualidade da água para consumo humano. Já os resultados das análises microbiológicas das amostras coletadas em 2015 indicaram que a água consumida nas comunidades de Auaris, Waikas, Palimiú e Uraricoera também não atendia aos padrões de potabilidade. Os testes mostraram que a água consumida em oito aldeias Yanomami não atendem aos padrões de potabilidade, sobretudo pela presença de microrganismos patogênicos (ex.: coliformes). O cruzamento entre os resultados das análises de água de 2004 e 2015 com os dados epidemiológicos do povo Yanomami sugere a relação da água contaminada consumida com a ocorrência de doenças diagnosticadas nas aldeias, como verminoses, parasitoses, diarreias e gastroenterites de origem infecciosa. A pesquisa acende o debate sobre políticas de saúde direcionadas ao atendimento das necessidades básicas e melhoria da qualidade de vida dos povos indígenas, e alerta para o descumprimento da legislação de saúde indígena, que deveria garantir o acesso à água potável e consequentemente, a redução de doenças de veiculação hídrica na Terra Indígena Yanomami.
No Brasil, o povo Yanomami é formado por cerca de 15 mil índios, distribuídos em 245 aldeias. Essa população ocupa a região do alto rio Branco, oeste do estado de Roraima, bem como a margem esquerda do rio Negro, norte do estado do Amazonas. O povo Yanomami é seminômade, possui língua e cultura próprias e sua subsistência (caça, pesca, agricultura e coleta de frutos) depende da floresta e do rio. As florestas da Amazônia compõem o reino dos Yanomami, simbolizando sua razão de ser. Eles são profundos conhecedores desse complexo mundo e responsáveis pelo desenvolvimento de tecnologia que garantiram sua sobrevivência e expansão, além da conservação da região por eles habitada, contribuindo para o reconhecimento do bioma Amazônia como patrimônio da humanidade. A água tem muitos significados para os Yanomami. Esse recurso natural é o elo entre o visível e o invisível, e está relacionado a crenças, regras de reciprocidade, economia, alimentação, usos e conceitos sobre o corpo, memórias, mitos, enfim, é intrínseco à própria cultura. Apesar do difícil acesso às áreas Yanomami, ainda assim a ação do homem branco tem afetado a vida desses indígenas, degradando os recursos hídricos da região. Comunidades Yanomami, bem como a terra onde habitam, vêm sofrendo prejuízos sociais e ambientais devido à agricultura comercial no entorno de suas áreas e aos garimpos ilegais dentro delas. Esse cenário motivou a equipe coordenada pelos pesquisadores Marcos José Salgado Vital e Maria Bárbara de Magalhães Bethonico, do Programa de Pós-graduação em Recursos Naturais da Universidade Federal de Roraima (Pronat/UFRR), a realizar estudos a fim de avaliar a qualidade da água consumida nas comunidades da Terra Indígena Yanomami, bem como sua influência na saúde desses povos.
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Amostras de água foram coletadas em 2004 e 2015, na Terra Indígena Yanomami, para avaliação microbiológica. Foi utilizada a técnica de tubos múltiplos e realizados testes bioquímicos. A técnica dos tubos múltiplos é um método de análise quantitativo que permite determinar o Número Mais Provável (NMP) de microrganismos (por exemplo, coliformes, aqueles normalmente encontrados em fezes humanas ou de animais) presentes em uma amostra de água, por meio da distribuição de alíquotas em uma série de tubos contendo meios de cultura diferentes, para crescimento de diferentes microrganismos. A qualidade físico-química das amostras de água foi avaliada por meio da determinação dos seguintes parâmetros: demanda bioquímica de oxigênio, nitrato, fosfato, cloreto, turbidez, pH e temperatura. O deslocamento do pesquisadores, da cidade de Boa Vista, capital de Roraima, até as comunidades indígenas, para a coleta das amostras de água foi feito em pequenos aviões utilizados pela Divisão de Atenção à Saúde Indígena (DSEI Yanomami) na troca dos agentes de saúde que prestam serviços àquelas comunidades. As amostras foram obtidas nos locais onde a água era, frequentemente, utilizada pelos indígenas.
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institution Universidade Federal de Roraima
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Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
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publishDateFull 2016-10-17
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spelling 263922024-10-01T19:00:50Z1[CeS] Textos de divulgação Contaminação da água na Terra Indígena Yanomami Marcos José Salgado Vital Maria Bárbara de Magalhães Bethonico Contaminação Água Indígena Yanomami (Etnia indígena) Universidade Federal de Roraima Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior 2016-10-17 299.png vignette : https://repositorio.canalciencia.ibict.br/files/large/a2ae0a5a05b31d511ce3725258566149ab69e3c3.jpg Apesar do intervalo de 10 anos entre as coletas, os resultados foram muito semelhantes quanto ao nível de contaminação da água e seu impacto sobre as comunidades. Em 2004, foram analisadas amostras de água das comunidades Balawaú, Demini e Toototobi, localizadas no município de Barcelos (AM), e na região de Paapiu, situada no município de Iracema, a oeste de Roraima. Os testes microbiológicos indicaram que a água consumida nessas regiões não atendia aos padrões de potabilidade estabelecidos pelo Ministério da Saúde, que institui os procedimentos de controle e de vigilância da qualidade da água para consumo humano. Já os resultados das análises microbiológicas das amostras coletadas em 2015 indicaram que a água consumida nas comunidades de Auaris, Waikas, Palimiú e Uraricoera também não atendia aos padrões de potabilidade. Os testes mostraram que a água consumida em oito aldeias Yanomami não atendem aos padrões de potabilidade, sobretudo pela presença de microrganismos patogênicos (ex.: coliformes). O cruzamento entre os resultados das análises de água de 2004 e 2015 com os dados epidemiológicos do povo Yanomami sugere a relação da água contaminada consumida com a ocorrência de doenças diagnosticadas nas aldeias, como verminoses, parasitoses, diarreias e gastroenterites de origem infecciosa. A pesquisa acende o debate sobre políticas de saúde direcionadas ao atendimento das necessidades básicas e melhoria da qualidade de vida dos povos indígenas, e alerta para o descumprimento da legislação de saúde indígena, que deveria garantir o acesso à água potável e consequentemente, a redução de doenças de veiculação hídrica na Terra Indígena Yanomami. No Brasil, o povo Yanomami é formado por cerca de 15 mil índios, distribuídos em 245 aldeias. Essa população ocupa a região do alto rio Branco, oeste do estado de Roraima, bem como a margem esquerda do rio Negro, norte do estado do Amazonas. O povo Yanomami é seminômade, possui língua e cultura próprias e sua subsistência (caça, pesca, agricultura e coleta de frutos) depende da floresta e do rio. As florestas da Amazônia compõem o reino dos Yanomami, simbolizando sua razão de ser. Eles são profundos conhecedores desse complexo mundo e responsáveis pelo desenvolvimento de tecnologia que garantiram sua sobrevivência e expansão, além da conservação da região por eles habitada, contribuindo para o reconhecimento do bioma Amazônia como patrimônio da humanidade. A água tem muitos significados para os Yanomami. Esse recurso natural é o elo entre o visível e o invisível, e está relacionado a crenças, regras de reciprocidade, economia, alimentação, usos e conceitos sobre o corpo, memórias, mitos, enfim, é intrínseco à própria cultura. Apesar do difícil acesso às áreas Yanomami, ainda assim a ação do homem branco tem afetado a vida desses indígenas, degradando os recursos hídricos da região. Comunidades Yanomami, bem como a terra onde habitam, vêm sofrendo prejuízos sociais e ambientais devido à agricultura comercial no entorno de suas áreas e aos garimpos ilegais dentro delas. Esse cenário motivou a equipe coordenada pelos pesquisadores Marcos José Salgado Vital e Maria Bárbara de Magalhães Bethonico, do Programa de Pós-graduação em Recursos Naturais da Universidade Federal de Roraima (Pronat/UFRR), a realizar estudos a fim de avaliar a qualidade da água consumida nas comunidades da Terra Indígena Yanomami, bem como sua influência na saúde desses povos. 311_x10x.jpg 311_x1x.jpg 311_x2x.jpg 311_x3x.jpg 311_x4x.jpg Amostras de água foram coletadas em 2004 e 2015, na Terra Indígena Yanomami, para avaliação microbiológica. Foi utilizada a técnica de tubos múltiplos e realizados testes bioquímicos. A técnica dos tubos múltiplos é um método de análise quantitativo que permite determinar o Número Mais Provável (NMP) de microrganismos (por exemplo, coliformes, aqueles normalmente encontrados em fezes humanas ou de animais) presentes em uma amostra de água, por meio da distribuição de alíquotas em uma série de tubos contendo meios de cultura diferentes, para crescimento de diferentes microrganismos. A qualidade físico-química das amostras de água foi avaliada por meio da determinação dos seguintes parâmetros: demanda bioquímica de oxigênio, nitrato, fosfato, cloreto, turbidez, pH e temperatura. O deslocamento do pesquisadores, da cidade de Boa Vista, capital de Roraima, até as comunidades indígenas, para a coleta das amostras de água foi feito em pequenos aviões utilizados pela Divisão de Atenção à Saúde Indígena (DSEI Yanomami) na troca dos agentes de saúde que prestam serviços àquelas comunidades. As amostras foram obtidas nos locais onde a água era, frequentemente, utilizada pelos indígenas. 311_x5x.jpg 311_x6x.jpg 311_x7x.jpg 311_x8x.jpg 311_x9x.jpg Água e saúde dos povos indígenas Yanomami (região Tootobi, Balawaú, Demini e Paapiu) e Wapishana (Maloca da Malacacheta), Brasil O estudo avalia a qualidade da água consumida nas comunidades da Terra Indígena Yanomami, bem como sua influência na saúde desses povos. 2016-10-17 http://repositorio.ufrr.br:8080/jspui/handle/prefix/144 Ciências da Saúde Amostras de água foram coletadas em 2004 e 2015, na Terra Indígena Yanomami, para avaliação microbiológica. Foi utilizada a técnica de tubos múltiplos e realizados testes bioquímicos. A técnica dos tubos múltiplos é um método de análise quantitativo que permite determinar o Número Mais Provável (NMP) de microrganismos (por exemplo, coliformes, aqueles normalmente encontrados em fezes humanas ou de animais) presentes em uma amostra de água, por meio da distribuição de alíquotas em uma série de tubos contendo meios de cultura diferentes, para crescimento de diferentes microrganismos. A qualidade físico-química das amostras de água foi avaliada por meio da determinação dos seguintes parâmetros: demanda bioquímica de oxigênio, nitrato, fosfato, cloreto, turbidez, pH e temperatura. O deslocamento do pesquisadores, da cidade de Boa Vista, capital de Roraima, até as comunidades indígenas, para a coleta das amostras de água foi feito em pequenos aviões utilizados pela Divisão de Atenção à Saúde Indígena (DSEI Yanomami) na troca dos agentes de saúde que prestam serviços àquelas comunidades. As amostras foram obtidas nos locais onde a água era, frequentemente, utilizada pelos indígenas. 311_x5x.jpg 311_x6x.jpg 311_x7x.jpg 311_x8x.jpg 311_x9x.jpg https://repositorio.canalciencia.ibict.br/api/items/26392 https://repositorio.canalciencia.ibict.br/files/original/a2ae0a5a05b31d511ce3725258566149ab69e3c3.png https://repositorio.canalciencia.ibict.br/files/original/3299e896b94cb59e5ac52d66765461cd55e9cbf2.jpg https://repositorio.canalciencia.ibict.br/files/original/b5ee992dd323c3fab4a5e4e18a7985c2c6d30e89.jpg https://repositorio.canalciencia.ibict.br/files/original/2f35fe2cf6c91e1832d80289a79bb283103303ed.jpg https://repositorio.canalciencia.ibict.br/files/original/7c3a93f8ffd033246229f3878f4fbcfb5f6f3c88.jpg https://repositorio.canalciencia.ibict.br/files/original/9720da189d2ecf395fc11643e8cf0ef8a1c0c904.jpg https://repositorio.canalciencia.ibict.br/files/original/7796538ad000813d89de5622551fffc6fe69ea07.jpg https://repositorio.canalciencia.ibict.br/files/original/43e5c7ca266bce2f51979856208a31b89725fc7b.jpg https://repositorio.canalciencia.ibict.br/files/original/e6564fdd4aecae37ff650bea735fef11ebfed418.jpg https://repositorio.canalciencia.ibict.br/files/original/2c6a696d065b96d5c59259ba8d2c380c6cfda46c.jpg https://repositorio.canalciencia.ibict.br/files/original/ae24531b8102bd2c13d3d6b385f44223c314d602.jpg