Marcos Luiz dos Mares Guia

Marcos Luiz dos Mares Guia nasceu em Santa Bárbara, Minas Gerais, em 3 de junho de 1935. Era o filho mais velho de José Maria dos Mares Guia, médico, e de Judith dos Mares Guia. Em 1953 ingressou na Escola de Medicina de Minas Gerais, hoje parte da Universidade Federal de Minas Gerais, por influênci...

ver descrição completa

Detalhes bibliográficos
Formato: Online
Publicado em: 2022
Acesso em linha:https://canalciencia.ibict.br/historia-das-ciencias/cientista?item_id=22951
Descrição
Resumo:Marcos Luiz dos Mares Guia nasceu em Santa Bárbara, Minas Gerais, em 3 de junho de 1935. Era o filho mais velho de José Maria dos Mares Guia, médico, e de Judith dos Mares Guia. Em 1953 ingressou na Escola de Medicina de Minas Gerais, hoje parte da Universidade Federal de Minas Gerais, por influência do pai médico e pelo avô farmacêutico. Logo após a formatura, em 1958, casou-se com Henriqueta Martins, com quem viria a ter filhos. Em 1960, Mares Guia partiu para o Estados Unidos onde faria doutorado em bioquímica na Universidade Tulane, em Nova Orleans, na área de enzimologia com bolsa da Fundação Rockefeller. Em 1964 doutorou-se com uma tese sobre cinética de enzimas. De volta ao Brasil, Mares Guia integrou-se à Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), onde passou pela Faculdade de Medicina e pelo Instituto de Ciências Biológicas em que foi professor assistente, titular e depois emérito. Em 1965, foi condecorado com o Prêmio Henrique Merenholz, pela Associação Brasileira de Química. Posteriormente, com o apoio do professor Carlos Ribeiro Diniz, na época já um renomado bioquímico, organizou o curso de pós-graduação em Bioquímica, aprovado em 1967. Juntos, montaram na UFMG um laboratório com a mais avançada tecnologia da época. Com os alunos da Escola de Engenharia, a unidade serviu de base para a criação da primeira empresa capaz de fabricar enzimas no Brasil – a Biobrás. No ano seguinte, com a colaboração de seu irmão, Walfrido Mares Guia, e outros sócios foi iniciado a implantação da empresa de biotecnologia Biobrás, em que foi estimado de grande relevância pela Sudene, que custeou grande parte da sua implantação. Considerado de grande importância para o país, a empresa piloto foi montada em Montes Claros e a partir de 1976 começou a produção. Com a criação, Marcos foi agraciado com a Medalha do Jubileu de Prata, em 1973 pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência. E nos anos de 1976 com o Prêmio Marques Lisboa pela Associação Médica de Minas Gerais. Marcos era o coordenador do projeto em parceria com os bioquímicos da UFMG e pesquisadores da Biobrás e da Universidade de Brasília. Em 1979, iniciou-se a operação pioneira de insulina no Brasil a partir de pâncreas animal, até o momento, a insulina comercializada e utilizada por diabéticos era extraída do pâncreas de bois e porcos, o que podia levar a problemas como reações alérgicas bem como não apresentar eficácia para alguns pacientes. Em 1983, a Biobrás iniciou o desenvolvimento de insulinas altamente purificadas, inclusive a formulação da insulina injetável, um medicamento pronto para uso, tornando-se a quarta maior produtora mundial integrada de insulina e a maior produtora de insulina sintética da América Latina. Em 1986, Mares Guia foi um dos idealizadores da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig). Ele defendia que o Estado de Minas Gerais deveria programar com urgência investimentos capazes de incorporar tecnologia aos setores industriais. No final da década de 1990, a Biobrás concluiu o desenvolvimento da tecnologia de produção de insulina humana recombinante. Adquirida através da técnica desenvolvida por Mares Guia em que consistia em introduzir, na bactéria Escherichia coli, comum na flora intestinal humana, o gene da pró-insulina humana, para que ela passasse a produzir o hormônio. Esse processo possibilitou fabricar insulina humana in vitro em um terço do tempo necessário para obtê-la pelo método tradicional, que era de 30 dias. Nesse ano, Mares Guia foi condecorado com o Prêmio IBM ao Desenvolvimento Tecnológico, pela Academia Brasileira de Ciências/IBM. Pelo período de 1991 a 1993, Marcos Mares Guia ocupou cargo de presidência do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). No ano de 1992, recebeu a Grande Medalha da Inconfidência, pelo Governo do Estado de Minas Gerais. E no mesmo ano foi homenageado com o título de Comendador da Ordem de Rio Branco, pelo Ministério das Relações Exteriores. Em 1995, foi homenageado com o título de Comendador da Ordem Nacional do Mérito Científico, pela Presidência da República do Brasil. Em 2000, a Biobrás obteve patente internacional da insulina sintética. Nesse mesmo ano, Mares Guia foi condecorado pelo então presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, com a Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito Científico e foi condecorado como Professor Emérito, pela Universidade Federal de Minas Gerais. Em 2002, a empresa Biobrás foi vendida para a dinamarquesa Novo Nordisk. Nesse mesmo ano, no dia 25 de agosto, Marcos Luiz dos Mares Guia faleceu aos 67 anos, em Belo Horizonte, devido a complicações causadas por um câncer no pâncreas. Marcos Luiz dos Mares Guia foi um cientista que contribuiu para a evolução da ciência brasileira, ocupou cargos importantes, dentre os quais a presidência do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), chefiou o Laboratório de Enzimologia e Físico-Química da UFMG (até 2002), foi presidente da Sociedade Brasileira de Biotecnologia, presidente da Sociedade Brasileira de Bioquímica, entre outros. Recebeu inúmeras homenagens ainda em vida. E como legado, o Governo do Estado e concedido pela Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (Fapemig) criou o Prêmio de Pesquisa Básica “Marcos Luiz dos Mares Guia”, este é entregue, em anos pares, a pesquisadores mineiros e, em anos ímpares, a unidades de instituição ou empresa.