Durante a noite, em situações de luminosidade baixa, é possível identificar uma banda brilhante que corta o céu. Essa é a Via Láctea, a galáxia onde se encontra o Sistema Solar e, consequentemente, nosso planeta. Seu formato, comum a muitas outras galáxias, é devido a longos braços que irradiam de sua região central criando uma espiral. É esse disco, formado pelos braços, que origina a estrutura luminosa que observamos no céu noturno.

Figura 1 - À esquerda, foto da Via Láctea observada em situações de baixa luminosidade. Crédito: Max and Dee Bernt. Milky Way over Colorado. À direita, a galáxia espiral NGC 1300, que possui muitas características em comum com a nossa. Crédito: NASA Hubble Space Telescope. Barred Spiral Galaxy NGC 1300.
Os braços galácticos são compostos por estrelas, gases e nuvens de poeira, que obstruem a visão que poderíamos ter do centro da galáxia. Esses componentes emitem diferentes tipos de radiação que, ao serem captados e interpretados, oferecem informações acerca de suas posições e velocidades. Tais objetos são chamados traçadores. Graças a eles, obtivemos dados acerca das estruturas que nos ladeiam, o braço de Sagitário-Carina e braço de Perseu, assim como uma formação menor, chamada de Braço Local, localizada relativamente próxima ao nosso Sol. Embora fosse conhecido há muito tempo, não existia explicação para a origem do Braço Local.
Ainda que todos os componentes do disco galáctico girem em torno do centro da Via Láctea, verifica-se que nem todos o fazem com a mesma velocidade. As estrelas, por exemplo, não realizam sua trajetória na mesma velocidade dos braços, o que faz com que elas os atravessem periodicamente. Curiosamente, isso não se verifica com o Sol. Os pesquisadores Jacques Lepine, Tatiana Michtchenko, Douglas Barros e Ronaldo Vieira, da Universidade de São Paulo (USP), utilizaram informações de diferentes traçadores para analisar os movimentos do Sol na nossa galáxia e sua relação com os braços espirais, inclusive o Braço Local. Os pesquisadores propõem que existe uma relação entre o comportamento apresentado pela órbita solar e a formação do Braço Local.